O longa, que conta a história de Diego, um famoso diretor de cinema que sobrevive a um câncer, seria uma declaração veemente de amor ao cinema. Mas, na verdade é inspirado em sua luta contra o câncer linfático, é autobiográfico.
O filme se passa em São Paulo, e com o elenco quase todo formado por brasileiros, mas é falado em inglês. Isso porque o diretor não conseguiu um ator brasileiro para fazer o papel principal. Depois de assistir à peça Old woman – a velha, estrelada por Dafoe, convidou o ator americano para um jantar e acertaram que seria ele a assumir o papel. Por isso, teve de fazer todo o filme em inglês. Uma versão dublada em português, na qual os atores dublam a si mesmos, também será lançada.
Willem Dafoe, em atuação excelente, assume o posto de alter ego do diretor em cena. E ele o faz, criando um personagem egocêntrico e sem papas na língua, com uma certa liberalidade controlada. Se a esposa lhe diz que já o traiu, ele rebate na hora que não há problema algum nisto, por tê-la traído também. Tal característica torna o cineasta Diego uma pessoa bastante difícil, o que se manifesta no modo como trata todos à sua volta, da esposa (Maria Fernanda Cândido) aos amigos próximos e parentes. Como o brilho tem que caber sempre ao diretor, ou melhor, ao personagem principal, Willem Dafoe é quase onipresente na tela.
Apesar de tamanha grandiosidade, o maior problema de Meu Amigo Hindu é o roteiro. A começar pelo fato de que o personagem do título apenas surge por volta da metade da trama, servindo como conexão ao lado lúdico do cinema, e nem tem tanta importância assim. Do avanço da doença ao tratamento, passando pela cura e a reabilitação à vida normal, tudo segue tintim por tintim o que aconteceu com o diretor, numa espécie de recriação de sua própria vida – é quando a ficção beira o documentário. É um filme com a assinatura de Babenco, cujo currículo Pixote - A Lei do Mais Fraco, Carandiru e Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia, O Beijo da Mulher-Aranha.
A película já fora vista, de forma discreta, na 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro de 2015. Mas, pode comprar a pipoca sem medo, é um bom filme brindado com atuações de Willen Dafoe, Maria Fernanda Cândido.
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