Wednesday, September 26, 2007
Di Cavalcanti: um carioca perfeito
Emiliano Di Cavalcanti nasceu em 6 de setembro de 1897, no Rio de Janeiro, na casa de José do Patrocínio, que era casado com uma tia do futuro pintor.
Quando seu pai morreu em 1914, Di obriga-se a trabalhar e faz ilustrações para a Revista Fon-Fon. Em 1917 transferindo-se para São Paulo e ingressa na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Entre 11 e 18 de fevereiro de 1922 idealiza e organiza a Semana de Arte Moderna, no Teatro Municipal de São Paulo, onde ele mesmo cria para essa ocasião as peças promocionais do evento como por exemplo: catálogo e programa. Faz sua primeira viagem à Europa em 1923, permanece em Paris até o ano de 1925, e freqüenta a Academia Ranson. Na Europa ele expõe em diversas cidades: Londres, Berlim, Bruxelas, Amsterdan e Paris. Conhece Picasso, Léger, Matisse, Eric Satie, Jean Cocteau e outros intelectuais franceses. Ao retornar para o Brasil em 1926, ingressa no Partido Comunista. Faz nova viagem a Paris, mas antes cria os painéis de decoração do Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro. Os anos 30 encontram um Di Cavalcanti imerso em dúvidas quanto a sua liberdade como homem, artista e seus dogmas partidários. Inicia suas participações em exposições coletivas, salões nacionais e internacionais como a International Art Center em Nova Iorque. Em 1932, funda em São Paulo, juntamente com Flávio de Carvalho, Antônio Gomide e Carlos Prado, o Clube dos Artistas Modernos. Sofre sua primeira prisão em 1932 durante a Revolução Paulista, e por fim, casa-se com a pintora Noêmia Mourão. Publica o álbum A Realidade Brasileira, série de doze desenhos satirizando o militarismo da época. Preso novamente no Rio de Janeiro, refugia-se na Ilha de Paquetá e é preso com Noêmia. Libertado por amigos, seguem para Paris e lá permanecem até 1940, para retornar em 1946 em busca dos quadros desaparecidos, e nesse mesmo ano expõe no Rio de Janeiro, na Associação Brasileira de Imprensa. Ilustra livros de Vinícius de Morais, Álvares de Azevedo e Jorge Amado. Em 1947 seu casamento com Noêmia Mourão entra em crise segundo dizem - "uma personalidade que se basta, uma artista e de temperamento muito complicado...". Participa com Anita Malfatti e Lasar Segall do júri de premiação de pintura do Grupo dos 19, e segue criticando o abstracionismo. Viaja para a Cidade do México onde expõe, em 1949.
Rende-se à Veneza
É convidado e participa da I Bienal de São Paulo, 1951, e faz uma doação generosa ao Museu de Arte Moderna de São Paulo, onde conhece Beryl Tucker Gilman que passa a ser sua nova companheira, e Adota Elizabeth, filha de Beryl. Convidado, se nega-se a participar da Bienal de Veneza, Itália. Recebe a láurea de melhor pintor nacional na II Bienal de São Paulo, prêmio esse dividido com Alfredo Volpi. Em 1954 o MAM, Rio de Janeiro, realiza exposição retrospectivas de seus trabalhos. Faz novas exposições na Bacia do Prata, retornando especificamente em Montevidéu e Buenos Aires. Os italianos não se deram por vencidos e, o convidaram em 1956 a participar na Bienal de Veneza, ele aceita e recebe o I Prêmio da Mostra Internacional de Arte Sacra de Trieste. A partir daí seus trabalhos fazem parte de exposição itinerante por países europeus. Recebe proposta de Oscar Niemayer para a criação de imagens para tapeçaria a ser instalada no Palácio da Alvorada também pinta as estações para a Via-sacra da catedral de Brasília. Ganha Sala Especial na Bienal Interamericana do México, recebendo Medalha de Ouro.
Artista exclusivo
Torna-se artista exclusivo da Petite Galerie, Rio de Janeiro, e faz viagens para Moscou e Paris, onde participa da Exposição de Maio, e apresenta a tela Tempestade. Teve Sala Especial na VII Bienal de São Paulo, e recebe indicação do presidente João Goulart para ser adido cultural na França, para onde embarca e não pode assumir o cargo por causa do golpe de 1964. Lá e passa a viver com Ivette Bahia Rocha, apelidada de a Divina. Lança mais um livro, "Reminiscências líricas de um perfeito carioca" e desenha jóias para Lucien Joaillier. Em 1966, seus trabalhos desaparecidos no início da deácada de 40 são localizados nos porões da Embaixada brasileira. Di resolve então se candidatar a uma vaga na Academia Brasileira de Letras, mas não se elege. Seu cinquentenário artístico é comemorado. e a modelo Marina Montini é a musa mais inspiradora da década. Em 1971 o Museu de Arte Moderna de São Paulo organiza retrospectiva de sua obra e recebe prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Arte. Comemora seus 75 anos no Rio de Janeiro, em seu apartamento do Catete. A Universidade Federal da Bahia outorga-lhe o título de Doutor Honoris Causa. Faz exposição de obras recentes na Bolsa de Arte e sua pintura Cinco Moças de Guaratinguetá é reproduzido em selo. Di Cavalcanti falece no Rio de Janeiro em 26 de Outubro de 1976. [Francisco Martins]
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