Criadas aos moldes de vilas inglesas, hoje, entre recordações, ruinas, falta de vontade dos governos fazem de um marco da história, a vila operária Maria Zélia, um amontoado de casas velhas, e não de patrimônio histórico que completa 90 anos.
A Vila operária Maria Zélia, como o nome diz, para abrigá-los por motivo da expansão territorial de São Paulo, no início do século XX, que englobava os seguintes bairros: São Bento, Freguesia Eclesiástica [Sé], Anhangabaú e República, todos na região central. O crescimento econômico para zona leste, teve seu princípio com os bairros do Brás, Belém e Mooca, e com as indústrias vieram também os operários. A idéia dos empresários em criar a vila era para baratear os custos, sendo os obrigados a morarem próximos às fábricas. Porém, a cidade ainda não tinha estrutura suficiente nesses bairros, os empresários construíam residências para os funcionários de suas empresas ao lado das fábricas. Foi a partir dessa necessidade que apareceram as denominadas “vilas operárias”, em diversas regiões de São Paulo. Mas poucas dessas vilas ainda redem histórias, é o caso da Maria Zélia, localizada no bairro do Belenzinho, que foi construída entre os anos 1911 e 1916, cuja inauguração se deu em 1917, para abrigar mais de dois mil funcionários da Companhia Nacional de Tecidos de Juta, de propriedade de Jorge Street.
Maria Zélia era o nome de uma das filhas do empresário que morreu quando ainda era adolescente, no ano da inauguração da vila. As 198 casas foi um projeto do arquiteto francês Pedarrieux, e tinha de um a três quartos, seu tamanho media entre 75 e 110 metros quadrados. Era avançado para os padrões da época pois havia água encanada, luz elétrica e até calçamentos.
Os assoalhos era de madeira nobre, pinho-de-riga e suas portas eram em madeira maciça. Todos os encargos eram descontados na folha de pagamento, exceto energia elétrica, paga pelo morador. diretamente à concessionária. Tinha toda uma infra-estrutura na vila: Uma igreja também fora construída na vila, creche, campo de futebol, salão de beleza e farmácia, sapataria e duas escolas, sendo uma para meninos e outra para as meninas. Após passar por dificuldades financeiras, o proprietário da vila deixou a direção da empresa, em 1923, passando para família Scarpa, que sem nenhum apego ou amor por esta cidade que lhe deu guarida mudou o nome do local para Vila Scarpa, mostrando sua arrogância. Graças ao grupo Guinle, que adquiriu a vila no ano de 1929, e devolveu o nome original ao lugar.
O começo do fim
O local passou a ser administrado pelo Iapa, [Instituto de Aposentadoria de Pensão dos Industriários], sendo que nos anos 1936 e 1937 também serviu como presídio político, o Estado Novo, inventado por Getúlio Vargas. Já em 1939, a empresa de pneumáticos Goodyear comprou a parte do terreno que incluía a antiga fábrica de tecidos, o jardim de infância e mais umas 18 casas. Esta empresa foi ainda mais cruel para a vila Maria Zélia, demoliu todos os imóveis comprados para construir sua fábrica, que encontra-se no local até hoje, 2007. Porém, o pior ainda viria.
O descaso com a história deixaria a vila em frangalhos
Falta de conservação geral pois a vila operária Maria Zélia foi tombada em 1992 pelo Condephaat [Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo]. Grande parte de suas residências originais foram destruídas, foram descaracterizadas com construção de sobrados e, existem apenas algumas ruínas como as escolas, sapataria e o armazém. O movimento local lutam para que aconteça um restauro na vila, para isso fundaram a Sociedade de Amigos da Vila Maria Zélia, em 1981, cujo intuito é buscar recursos para o restauro dos casarões. Transformar as ruinas em oficinas e mostras culturais fazem parte da proposta da associação.
A vila pertence ao Plano Diretor Regional da Subprefeitura da Mooca - zona leste - e consta como Zona de Proteção Cultural. É muito difícil uma restauração do local, pois boa parte dos prédios são de propriedades do INSS - Instituto Nacional do Seguro Social -, e o instituto não aprova nenhum tipo de melhoria. Porém eis que uma luz surge no fim do túnel, o INSS concordou que uma análise técnica seja realizada para verificar as condições da estrutura, a partir daí saber se compensa o tão almejado restauro da histórica vila paulistana. Prefeitura já propôs o arrendamento junto ao órgão federal, através de STDS [Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento e Solidariedade]. Mas, a burrocracia impera quando o assunto é cultura ou melhoria, pois como pertence a um órgão federal, é necessário firmar um acordo, assinado com uma carta de intenções entre os dois governos, só assim o terreno pode ser liberado. Enquanto isso, o contribuinte paga o salário dos advogados da União e da prefeitura, cujo interesse é ad-eternum para a pendenga. Ainda restaram 175 "casas", e cerca de 600 pessoas residem lá. (Francisco Martins\Fausto Visconde)
Quem conhceu a vila nos áureos tempos deve retornar e vêr em que foi transformada. Para quem não conheceu mas gosta dessa cidade e de sua história, visite-a no bairro do Belenzinho, na confluência das ruas, Cachoeira e rua dos Prazeres.
2 comments:
Sou moradora e realmente, a prefeitura até agora nada, só fica prometendo, dá prazo até para início das obras, mas como sempre o descaso para com o conjunto de obras arquitetônicas da Vila Maria Zélia, o governo saber tombar como "patrimônio histórico", mas ele próprio não cuida, se não fossem pelos moradores desta tão adorável Vila a situação poderia estar pior.
Nossa,fui com o colegio até a vila !! é show !!
Posso copiar seu texto para meu trabalho?
Big beijos
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