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Friday, December 26, 2008

Kboco - dos muros à elite da arte

Sem dúvida o talentoso precisa de um punhado de sorte também. Não só a perseverança e técnica no trabalho o faz ser reconhecido. Além de amizades importantes, é preciso encontrar um diretor que goste de paçoca, como Emanuel Araújo, diretor do Museu Afro-Brasil.


Kboco é um artista que conta com os ingredientes necessários, talento, sorte e perseverança. Depois de grafitar muros em Goiânia e Olinda, PE, entra para o roll das galerias chiques de São Paulo. Márcio Mendanha de Queiroz, o popular Kboco, nasceu em Goiânia em 6 de novembro de 1978, e a três anos mudou-se para São Paulo, especificamente para Vila Sônia, zona oeste. Seu trabalho aliado a perseverança cativaram curadores e alguns desafetos da street art [arte de rua]. Ao expor na Bienal de Valência, Espanha, ele deixou a Galeria Choque Cultural, especializada em mostras de grafites, e foi parar nas galerias dos jardins ao lado de ilustres figuras das artes plásticas. Segundo Kboco ele agora está no ambiente que buscava. " O pessoal da Choque Cultural era todo tatuado e ouvia o mesmo som que eu, mas depois eu vi que aquela cena era roubada" declarou Kboco à Folha de São Paulo.
Desde os 13 anos que ele faz grafite, mas seu primeiro contato deu-se ao acompanhar sua mãe para comprar telas na feira hippie. Estudou pintura, e passou a pintar com influências geométricas. Mas, dentro de seu apertado ateliê, livros, embalagens de papéis de balas japonesas [presenteadas por Emanuel Araújo] e diários visuais de arte de rua ao redor do mundo ajudam a compor suas telas. O artista utiliza em seus desenhos formas arabescas, geométricas e, principalmente, as cores variantes entre o sertão goiano e o africano. O tom colorido de sua arte chamou atenção tanto das rodinhas do submundo quanto as regadas a champanhe, atual metiê. Ele fugiu do blockbuster de arte de rua, e agora integra os 'bagulhos', mostras na gíria de artista de rua.
Sortudo
Além de boa técnica, Kboco contou também com a sorte grande por duas vezes. Primeiro porque o renomado artista plástico Emanuel Araújo, ex-diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo e atualmente diretor do Museu Afro-Brasil, adora as paçocas feitas pela mãe do artista, que o presenteia. A segunda participação da sorte em sua vida foi a feliz coincidência de um vizinho de Emanuel Araújo, o curador do MAM [Museu de Arte Moderna] Felipe Chaimovich ao ver um mural do artista em Goiânia fez o convite para que ele reproduzisse a obra nas paredes do MAM, no Parque do Ibirapuera, São Paulo. Ou seja, Kboco veio para São Paulo respaldado de boas amizades. Cheio de moral. Ele está contente com a nova vida de artista dos jardins, e manda um recado aos brothers [irmãos] de ruas "Eles pensam que estou passando fome só porque sai da cena, não estou não. Estou mais underground que antes",afirma Kboco. Apesar de não passar necessidades, e freqüentar o bairro nobre com IPTU mais caro do município, ele ainda luta com as goteiras e a queda dos azulejos provenientes de infiltrações na cozinha de sua casa.
Agenda garantida
Para junho de 2009 ele já garantiu uma exposição individual na maior feira de arte do mundo, a Art Basel, na Suíça. Essa é a entrada poderosa para qualquer artista se fixar no mercado mundial. Caso contrário tornar-se a mero artista de suvenir de rua.

Principais mostras
Panorama das Artes - MAM /SP 2005
Território Ocupado - Museu Afro-Brasileiro - 2007
Bienal de Valência - Espanha - 2007
"I Legítimo" Paço das Artes - São Paulo - 2008
Brighton - Inglaterra - 2006

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