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Friday, May 16, 2008

Cora Coralina, quem é?

"Mulher de roça sou. Mulher operária, doceira, abelha no seu artesanato". Ela foi um ser humano participante. Nas escolas os jovens pouco ou quase nada ouvem sobre a poetisa.

Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, Filha de Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, desembargador nomeado por, D. Pedro II, e de Jacinta Luísa do Couto Brandão, nasceu em 20 de agosto de 1889, em Goiás. Mulher simples viveu sempre distante dos grandes centros urbanos e trabalhou quase toda sua vida como doceira, porém jamais deixou de escrever. Casou-se em 1910 com o advogado Cantídio Tolentino Bretas, com quem se mudou, no ano seguinte, para o interior de São Paulo. O seu primeiro conto " Tragédia na Roça" foi publicado no ano de 1910. Muda-se para capital paulista em 1911 e se torna colaboradora do jornal O Estado de São Paulo nos anos 1930. Escolaridade primária não impediu que ela se tornasse algo mais do que uma refinada doceira, uma poetisa. Foi preciso romper com padrões rudes para poder deixar seu testamento em versos e a imortalidade de Cora Coralina. Foi ao ter sua poesia conhecida por Carlos Drummond de Andrade que Ana, já conhecida como Cora Coralina, passou a ser admirada por todo o Brasil. Seu primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás, foi publicado pela Editora José Olympio em 1965 quando já contabilizava 75 anos. O seu estilo a transformaria em uma das maiores poetisas de Língua Portuguesa do século XX. Onze anos depois, em 1976, compôs “Meu Livro de Cordel” e, Finalmente, em 1983 lançou Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha e Estórias da casa velha da ponte e mais “Meninos verdes” e O tesouro da casa velha .


Vendedora de lingüiça


Foi vendedora da Livraria José Olympio, dona de estabelecimentos como Casa dos Retalhos. Mas escrever era seu ofício e assim o fez sobre fatos do cotidiano e de sua vida em Goiás. Com uma visão aguçada Cora Coralina, essa mulher batalhadora e goiana foi contadora de história com rara beleza e poetisa desde tenra idade. Contou histórias com a experiência de quem identificou o futuro. Com a morte do marido, Cora ficou ainda com três filhos para acabar de criar. Sem se deixar abater, vendeu livros em São Paulo, mudou-se para Penápolis, no interior do Estado, onde passou a vender lingüiça caseira e banha de porco que ela mesma preparava. Mudou-se em seguida para Andradina – interior paulista, até que em 1956, retornou para Goiás e continuou sua literatura permeada por vontade meiga sem deixar de ser firme. Sua obra literária é rica em reflexões e observações. Seus poemas falam de religião, fome, velhice e política. Até seriam inocentes se não fosse pela experiência de uma pessoa com quase um século de vida. Foi jovem do século XIX e mulher do século XX, onde mostrou todo seu vigor literário. Antes de sua morte foi homenageada com o título de "doutora honoris causa " pela Universidade Federal de Goiás. Nas escolas, os jovens pouco ou quase nada ouvem falar sobre aquela que deveria habitar na memória nacional. Aninha, Cora Coralina, tiraria de nossas bocas os deliciosos quitutes em 10 de abril de 1985, aos 95 anos, morrendo na sua terra natal, Goiânia. Mas, é apenas presença física, sua obra está aí para leitores do não superficial. Do não descartável. mailto:%7B%20Agênciafm@gmail.com }

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