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Thursday, June 08, 2006

Fukushima: do sol nascente ao tropicalismo


Tikashi Fukushima, deixou o Japão antes da segunda grande guerra. Seu destino: Brasil. Tikashi soube como poucos, perceber a natureza do novo país e compreender a alma de seu povo. 


As cores alegres de suas obras indicavam a integração cultural de Fukushima. Como a maioria dos pioneiros nipônicos, Fukushima era de origem humilde. Nasceu aos 19 de janeiro de 1920, no pequeno município agrícola de Somano, Japão, e ainda garoto foi trabalhar na lavoura, e depois num armazém. Tikashi ficou fascinado ao desembarcar no porto de Santos em 1940. Ao desembarca, foi direto para o campo, a natural saga dos imigrantes. Dedicou-se a lavoura e ao comércio nas cidades de Pompéia e Lins/SP, onde conheceu Manabu Mabe.


 Em 1945, resolve ir para o Rio de Janeiro, trabalhar na oficina do pintor Tadashi Caminagai, lá pode se aproximar de pintores de sucesso como: Di Cavalcanti, Inamá e Quirino Campofiorito, que lhe abre as portas da fechada Sociedade Brasileira de Belas Artes. Toda efervescência cultural carioca estimula o jovem artista que pinta as românticas paisagens da “Cidade Maravilhosa”. Inscreve seus trabalhos no Salão Nacional de Belas Artes e conquistando, no segundo ano de participações, “Menção Honrosa” - algo importante para Tikashi, devido ao elevado nível dos artistas concorrentes. Fukushima resolve se casar e volta para São Paulo, casa-se com Ai Saito. Monta uma molduraria no bairro do paraíso e quer evoluir profissionalmente e se tornar um dos mais importantes nomes da pintura brasileira, com direito ao respeito internacional. Fukushima vai morar no Largo Guanabara - antiga Praça Rodrigues de Abreu, talvez para não esquecer das paisagens cariocas, sua inspiração primeira. 

Sua molduraria vai sendo bem freqüentada: Lasar Segall, Bonadei, Aldemir Martins, Wega Ianelli e também os patrícios pintores - Takaoka, Jorge Mori - Tamaki e o amigo Mabe. Em 1951, participa da primeira Bienal Internacional de São Paulo, ao lado de: Hopper, Morandi, Pollock, Moore e Picasso. O crescimento do artista era inevitável, porém, em suas obras em papel, madeira e tela, traziam as pinceladas com expressões de um grito interior. Mas, depois da bienal qualquer conflito interior estava definitivamente derrotado na mente do artista. A pintura de Fukushima é responsável pelo entrosamento cultural Oriente-Ocidente, em cada tela, a vivência intercultural nipo-brasileira. Do figurativismo ao abstracionismo, um legítimo contexto artístico mestiço. Tikashi Fukushima morreu aos 81 anos de idade em São Paulo, em 14 de outubro de 2001.

A ARTE CONTINUADA - TAKASHI FUKUSHIMA:

Filho de Tikashi, herdou o gosto pela arte. Seu primeiro contato com o circuito das artes foi em 1969, quando expôs no Salão Seibi. Em 1971, fez sua primeira individual na Opus Galeria em São Paulo, Em 1973, como estudante da FAU/USP, interessado na obra do arquiteto Antoni Gaudi, viajou para Barcelona. Neste mesmo ano, foi selecionado para a XII Bienal Internacional de São, Paulo, participando com uma instalação e, como Convidado na XIII Bienal Internacional de São Paulo, recebeu o prêmio de aquisição “Sala Brasília”. Em 1977 transferiu-se para Montreal, no Canadá, onde fez uma individual na Galerie Libre e na InformAll Art Galery de Toronto. 

Convidado, espôs na mostra 15 Jovens Artistas Brasileiros no MAN de Buenos Aires em 1978 e na Contemporary Latin América & Japan no National Museum of Art de Osaka, em 1981. Durante os anos 80, fez diversas individuais pelo Brasil, em Porto Alegre, na Galeria Salamandra, em Salvador, no Escritório de Arte da Bahia, (1985), no Rio de Janeiro, na Galeria Realidade, em Recife na Artespaço, (1986), e em São Paulo na Paulo Figueiredo Galeria de Arte, (1988). Em 1989, usufruindo do Prêmio Molière pela cenografia de Pássaros do Poente, viajou a Paris, onde fez uma individual no espace Latino-Américain, participando também da Contemporary Brazilian Lithographs, no King’s College de Londres. Em 1990, a convite da Fundação Japão, fez uma pesquisa sobre xilogravuras na Universidade Nacional de Artes e Música do Tokyo, expondo na II Trienal de Osaka no ano seguinte. 

De volta ao Brasil, expôs suas gravuras no Gabinete de Arte Raquel Arnoud. Em 1994, participou da exposição Xilogravura - do Cordel à Galeria, exibida na Paraíba e também no MASP. Em 1998, participou da Mostra Internacional Itinerante Japão-Brasil, apresentada no Palácio das Artes (BH), Itamaraty (DF), MASP (SP), e MAM (RJ), e da exposição Watercolors na Amcham Gallery, em São Paulo. [Francisco Martins]

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