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Friday, May 19, 2006

Mais completa exposição sobre Degas



Degas foi um artista que anteviu a modernidade, viu formas em movimento. 






Com seu olhar de fotógrafo, quase um voyer, seguiu captando o momento que passa. O pintor francês, Edgar Degas (1834-1917) deixou um legado de obras-primas que anteciparam a arte moderna. O Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) expõe 120 telas desenhos e esculturas de Degas na maior mostra sobre o pintor já realizada no Brasil. As obras em exposição pertencem ao museu paulistano, que possui uma completa série de esculturas em bronze e três telas, e dos museus D’Orsay, Louvre e Picasso, da França, National Gallery of London, da Inglaterra, The Art Institute of Chicago e Metropolitan Museum of New York, dos Estados Unidos, e outras instituições estrangeiras e brasileiras, como os museus cariocas Castro Maia e Nacional de Belas Artes, totalizando 196 obras.

Quando se fala em Degas, já nos vem ä mente, bailarinas e cavalos de corrida. Essa é, sem dúvida, uma forte referência em seu trabalho. A exposição apresenta uma proposta que, divide-se em três núcleos temáticos, é mostrar como Degas fez a ponte entre o classicismo e a modernidade, sem pertencer, ou prender-se a correntes estéticas e buscando sua própria expressão. Encontram-se na mostra o Degas observador do cotidiano com ângulos de inspiração fotográfica e também o Degas voyeur, que impressionou tanto Pablo Picasso a ponto de o espanhol colecionar desenhos que ele fazia nos bordéis de Paris. Também estão na mostra obras dos pintores admirados por Degas, como Ingres, Ticiano e Velásquez, e contemporâneos como Cézanne, Gauguin, Picasso.

O pintor

Suas telas lembram muito os instantâneos de fotografia, propositadamente incompletos que nos dá uma sensação cinemática. No cotidiano, nas cenas do dia a dia, atitudes comuns - as passadeiras tanto representam movimento como personagens da vida ordinária, porém não escapam temas, heróicos, aristocráticos e mitológicos da pintura classicista. Os aristocratas de sua pintura representa um pouco sua família. Cujo pintor não fez cerimônia quando fora apoiado pelo próprio pai em sua carreira de pintor, o que contrariou muito um de seus comtemporâneos, Cëzanne, reportado no edição passada do JNT. De família rica, filho de banqueiro, Degas foi apoiado pelo pai para se tornar pintor, coisa rara na época. Tornou-se mestre do desenho, da pintura e da escultura. Ao voltar dos estudos na Itália, flertou com o impressionismo de Manet e Renoir, mas não saiu à rua com cavalete em punho nem abdicou da linha. 

Pintava de memória os retratos que fazia com sua câmera-olho e buscava sua própria experimentação artística. Por retratar a “ralé social” - gente comum, boêmios, prostitutas - decretou sua “morte social”, mas foi isso que lhe condicionou como ponte entre o classicismo e a modernidade. Entre suas obras-primas da mostra, o estudo para a tela Jovens Espartanos (1860) e a escultura Pequena Bailarina de 14 Anos (1880) que foram desenvolvidos num período de discussão na França sobre a educação dos jovens, o que fazer com criminosos, com o analfabetismo, com a classe trabalhadora. Freqüentador de tribunais, Degas, acompanhou com desenhos o caso do assassinato de uma mulher em Paris por dois adolescentes. As duas obras se aproximam pelo seu discurso de disciplina estética.[Francisco Martins]

Degas, o Universo de um Artista
No Masp - av. Paulista, 1.578, São Paulo.
Até 20 de agosto
Tel.: 3251-5644. De ter. a dom., das 11h às 18h
R$ 15 (meia entrada para estudantes).
Grátis às terças e para crianças até 10 anos
e adultos maiores de 60 anos.

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