Saturday, July 14, 2007
SINVAL: ARTE NAIF
Sua história poderia terminar de modo corriqueiro como acontece com boa parte dos moradores de rua, morre de frio ou é morto pela violência nas cidades grandes. Porém, uma voz do além lhe deu outra chance de viver, deu-lhe o dom das artes.
Sinval G.Medeiros, 45, nasceu na cidade de Currais Novos - RN, em dezembro de 1962, e como muitos que migram ele também tinha em sua mente arranjar um trabalho e viver dignamente. Chegou à cidade de São Paulo no ano de 1990, fez vários tipos de serviços, mas o destino lhe preparou uma peça que levou-o ao avançado estágio de alcoolismo e lhe deu às ruas como lar. Como morador de rua ele continuou a prestar pequenos serviço para taxistas e ambulantes por exemplo pagar contas. Assim ele viveu até outubro de 2006. Mas na sua mente ele sempre cultivou o pensamento positivo que trouxe de sua terra "Eu vou encontrar um tesouro na cidade de São Paulo". Cansado e com algumas cachaças na cabeça, por volta de 2h30 da manhã, Sinval resolveu buscar um cantinho para dormir. O local escolhido foi uma ilhota verde localizada em frente ao Edifício Martinelli, no início da Avenida São João, região central de São Paulo. Quando se ajeitou para tirar um sono veio uma surpresa, Sinval ouviu uma voz que lhe ordenava "Você não pode dormir nesse local, saia já daí". Ele então respondeu - Não amola eu só que dormir um pouco. O diálogo aconteceu por três vezes, sendo que na terceira vez, ele levantou-se olhou para os lados e não viu ninguém. Não teve outra opção não ser correr. Desceu em disparada rumo ao centro do Vale do Anhangabaú, e ao parar, olhou para trás "eu vou pintar essa paisagem. Era como se eu estivesse vivendo em trevas porque naquele momento se abriu um enorme clarão em minha vida", disse Sinval. A paisagem a qual ele se refere é a torre do prédio Altino Arantes. Esperou o dia amanhecer e se dirigiu até uma casa de jogos e pediu uma caneta e uma tábua. Assim, a bico de caneta sobre madeira ele fez sua primeira obra de arte, e deu de presente ao gerente que lhe cedeu os produtos. De lá para cá ele passou a registrar a arquitetura de São Paulo e, não é apenas mais um a fazer isso. Seu trabalho é muito autoral, não se pode se quer dizer de suas influências visto que o mesmo não conhece o trabalho de nenhum pintor, a sua arte é a primeira que ele pode observar com espanto até, “ só acredito que sou eu quem faz porque passo dois ou três dias trabalhando em uma tela. Mas minha cabeça ainda está muito confusa com esta mudança”, confessa Sinval.
Não sabia o que era uma tela
Apesar de ter um bom nível escolar, cursou até o 2º ano do ensino médio, mas pelo subtítulo já se tem certeza que se trata de uma pessoa totalmente autodidata, alheio a qualquer conhecimento de artes plásticas. Ele credita sua carreira nas artes ao espírito dono daquela voz pois jamais desenhou, nunca viu uma exposição e não se interessava e não conhece nenhum artista plástico, por isso acha que o estilo naif é uma herança e que não pretende alterar. Mas gostaria também de fazer pintura Óleo sobre tela, mas sua situação ainda não permite se aventurar por esta técnica. No momento ele trabalha em tinta acrílica sobre tela, que chama muito atenção dos transeuntes da região. Rende muitos elogios. Mas Sinval quer ser reconhecido em seu trabalho, que valorizar sua arte. "Se eu recebi este dom tenho de mostrar que sou merecedor", pensa Sinval. Perguntado se seus parentes em Currais Novos já sabem deste acontecido ele responde que ainda não comunicou-lhes. Aliás, esta mudança repentina de morador de rua e embriagado, causou muitos desafetos em sua vida. Aqueles que lhe pagavam uma pinga, lhe ofereciam os pequenos trabalhos passaram a lhe ignorar e, até desconfiam que ele não é o autor das belas telas em naif. Tudo não passa de inveja. Pois Sinval está diariamente no Vale do Anhangabaú fazendo sua telas ao ar livre. Este é outro problema para o artista: ele leva 4 ou 5 quadros e tem de deixá-los amontoados para não correr risco de tê-los apreendidos pela fiscalização. Ele narra uma passagem recente - Eu estava terminando uma tela e resolvi colocar as outras quatro lado a lado, foi quando apareceu uns guardas e me repreenderam. "Aquilo me doeu muito. Fique desgostoso e pensei em desistir" , afirma o pintor. Na ocasião, as quatro obras acabadas que estavam com ele, as deu para pessoas que jamais vira, apenas passavam por ali na hora exata. "Eu preciso encontrar um lugar onde expor e vender meus trabalhos, as pessoas não sabem que as telas prontas estão à venda", diz Sinval. Seus feitos artísticos já encontra bons resultados na região central, e nem só de pessoas ruins é formada esta região. Tem pessoas como o Sr. Sebastião - da casa Ravill e Everaldo Fontes que fez um blog de presente, pessoas a quem faz questão de agradecê-los. De vez em quando surgem alguns aproveitadores que encomenda duas ou três telas e depois não pagam, mas isso é minoria. Realmente o trabalho detalhado em cores bem fortes e o primitivismo imposto pelo artistas - ex-morador de rua, que atualmente reside em hotel social -, sobre os principais monumentos da cidade como o antigo prédio do correio, Museu Paulista, viadutos do Chá e de Santa Ifigênia, Mosteiro da Luz e vários ângulos do Vale do Anhangabaú enchem os olhos dos passantes. Claro, ele é um autodidata e acredita ter herdado este dom e também sabe que precisa conhecer outros estilos, pois só assim poderá ter e ser reconhecido na pintura.
Para adqüirir obras, encomendar ou contatar o pintor - 55 11//6848-3230 / 8220-3747 agenciafm@gmail.com veja mais obras em www.hploco.com/artesplasticassinval
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1 comment:
OI!! TUDO NA VIDA TÊM UM PREÇO, MAS QUENDO O SER HUMANO ESTÁ ABERTO A APRENDE A PRODUZIR,E ISSO VIRA UMA OBRA DE ARTE,PARABÉNS PELA INICIATIVA DE FAZER O MUNDO MELHOR. LÉIA DIAS -ARTISTA PLÁSTICA DE DUQUE DE CAXIAS.28/06/08.
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