Izaura Garcia nasceu no Brás, região central de São Paulo, na Rua Alegria, em 2 de fevereiro de 1919. Foi a maior cantora paulista de todos os tempos. Muito se fala mas nada ou ninguém se compara a ela. Na época em que o Rio de Janeiro era o centro das atenções artísticas, Izaura Garcia conseguiu ser conhecida dos cariocas sem sair de São Paulo. Avançada para sua época ela transgredia os bons costumes. Dona de um gênio difícil e linguajar nada convencional que faria Dercy Gonçalves ruborecer. Começou sua carreira em programas como Qua...Qua Quarenta, na Rede Record, de Otávio Gabus Mendes, onde interpretou "Camisa Listrada" [Carmen Miranda] obtendo o primeiro lugar, e em ‘A Hora da Peneira Rhodine’, da Rádio Cultura. A mãe apoiava sua carreira na música enquanto o pai torcia para que nada desse certo. Quando foi gongada em sua primeira participação como caloura seu pai tentou desanimá-la. Dotada de talento extraordinário não demoraria a se destacar. No começo da carreira, inspirou-se em Carmen Miranda e Aracy de Almeida. Com a mesma intenção de seu talento era sua paixão que faria de sua vida quase um martírio amoroso. Foi uma destas paixões que rendeu-lhe discos maravilhosos considerados como os melhores de sua carreira. Walter Wanderley, produtor e arranjador a levaria para a gravadora Odeon, e lá produziu trabalhos até hoje perseguidos mas jamais alcançados. Aliás, abre-se um parêntese para dizer que, Walter Wanderley a trocou por um sonho, ir embora nos Estados Unidos da América onde fez relativo sucesso mas teve um fim trágico em São Francisco, EUA.
Algumas gravações
Em 1941 ela gravou o primeiro disco pela Colúmbia, com "Chega de tanto amor", [Mário Lago], e "Pode ser", de Geraldo Pereira e Marino Pinto. No mesmo ano, gravou "A baratinha", de Antônio Almeida, "Eu não sou pano de prato", de Mário Lago, e Roberto Martins, "Aproveita o beleléu",[Marino Pinto e Murilo Caldas], e "O telefone está chamando", de Benedito Lacerda e Popeye do pandeiro. Em 1942 fez sucesso com o samba "Teleco teco" (Murilo Caldas - Marino Pinto). Já no ano de 1943, lançou o primeiro sucesso, "Aperto de mão", de Dino [Horondino Silva] Jaime Florence [Meira] e Augusto Mesquita, gravados para a Victor. No mesmo ano, gravou "Sorriso de Paulinho", [Gastão Viana e Mário Rossi], e "Duas mulheres e um homem", de Ciro de Sousa e Jorge de Castro. Nesse período, participava de vários programas de rádio. No ano de 1944 volta ao sucesso com "Pretinho" [Custódio Mesquita - Evaldo Rui] e com a regravação de "Linda flor [Ai ioiô]" [Henrique Vogeler - Marques Porto - Luiz Peixoto - Candido Costa]. Em 1945, com o samba "Mensagem", de Álvaro Cabral e Cícero Nunes, que se tornou um clássico de seu repertório, e "Edredon vermelho" [Herivelto Martins]. No de 1946 obteve destaque com o samba "Prêmio de consolação" de Jayme Florence e Augusto Mesquita. Em 1947, o novo sucesso viria com "De conversa em conversa", samba de Lúcio Alves e Haroldo Barbosa, gravado ao lado do grupo Os Namorados da Lua. Com arranjos do então marido desfilou sobre um repertório dos melhores compositores do país como Lupicínio Rodrigues [Vingança], Billy Blanco [Feiura Não é Nada e Banca do Distinto]. Fez sucesso com 'Eu Preciso Aprender a Ser Só' [Marcos Valle] e Velho Enferrujado, de Gadé e Walfrido Silva, 'A Noite do Meu Bem' [Dolores Duran] e 'Mensagem' de Álvaro Cabral e Cícero Nunes. Talvez esta canção tenha sido seu maior êxito. “ Ser como Izaura Garcia não é fácil e não é difícil. É impossível.” Diz o cantor Roberto Luna.
A personalíssima
Em 1970, lançou novo LP com músicas de Noel Rosa e Chico Buarque. No mesmo ano, aposentou-se na Rádio Record. Fez várias apresentações nas boates paulistas Igrejinha, Casa da Badalação e Tédio. Em 1973, gravaria mais um LP "Izaura Garcia", para Continental. Em 1987, a gravadora Eldorado lançou "Izaura Garcia - Documento Inédito", que incluía músicas de Dorival Caymmi e Roberto e Erasmo Carlos. Ela gravou mais de 50 discos em 78 rpm e mais de 10 LPs. Já em 1972, a TV Cultura, São Paulo, realizou um programa Música & Músicas onde mostrou novamente seu talento interpretando sambas característicamente paulistanos e canções românticas. Quem não sabia ficou sabendo por quê ela ficou conhecida como ' A PERSONALISSIMA', recebido de Blota Júnior. "Izaura Garcia foi a mais extraordinária cantora que este país teve", Vicente Leporace, radialista, jornalista e compositor. Izaura Garcia morreu em São Paulo, no dia 30 de julho de 1993. [Francisco Martins]
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